
Wanderson NascimentoNotícias Gerais 1t2j5x
A macrorregião Centro-Sul de Minas Gerais, que engloba 51 municípios das microrregiões de São João del-Rei, Barbacena, Conselheiro Lafaiete e Congonhas, está prestes a enfrentar um colapso na saúde, com o esgotamento dos leitos de UTI para pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19.
O cenário muda a todo instante, em relação às vagas, mas, neste domingo (21/3), três das quatro cidades-pólo estavam com 100% dos leitos ocupados. Apenas Conselheiro Lafaiete tinha dois leitos do SUS ainda disponíveis. Congonhas e Lafaiete, inclusive, vêm enfrentando a lotação dos leitos desde o início de março. Em Barbacena, desde sábado (20/3), a lotação dos leitos vem variando entre 90 e 100% e, em São João del-Rei, as vagas em UTI também já chegaram a se esgotar, com ocupação total dos 40 leitos disponíveis no município.
De acordo com a gerente regional de Saúde de São João del-Rei, Edwalda Maria Carvalho de Assumpção, a situação é muito dinâmica: para ela, o quadro do momento pode ser totalmente diferente do apresentado uma hora depois e só quem pode mudar esse cenário é a população, colaborando com as medidas preventivas para reduzir a transmissão do vírus e, consequentemente, a necessidade de internação. “Essa sim é a ação capaz de propiciar a oportunidade para que todos tenham o a um tratamento com a qualidade necessária para enfrentamento da Covid-19”, declara.
Segundo Edwalda, nessa situação altamente mutável, já houve dias com mais de 100% de lotação nas UTIs de São João del-Rei e providências emergenciais tiveram que ser tomadas. “As unidades hospitalares de nossa microrregião de Saúde de São João del-Rei já colocaram pacientes do SUS em leitos privados. A hora está agravada e as instituições também têm sido muito parceiras e comprometidas com a assistência ao paciente”, explica.
A gerente regional afirma ainda que há uma articulação entre entidades buscando ampliação da quantidade de leitos. “Temos – em conjunto com município de São João del-Rei, Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (COSEMS/MG), Conselho Intermunicipal de Saúde das Vertentes (Cisver) e instituições hospitalares – buscado ampliação com bastantes dificuldades para termos resultados, mas compreendemos que cada um leito a mais pode representar várias vidas assistidas com a dignidade justa e merecida”.
Edwalda conclui conclamando a população a colaborar. “Não haverá leitos suficientes se não conseguirmos reduzir a transmissão! E precisamos estar juntos para vencermos esta guerra contra este inimigo invisível. Juntos, cada um e todos podem fazer a diferença pela manutenção da vida humana”, encerra.
O Notícias Gerais entrou em contato com a assessoria do Hospital das Mercês e com a Vigilância Epidemiológica da prefeitura de São João del-Rei e aguarda um posicionamento acerca da situação dos leitos de UTI e dos procedimentos com os pacientes que, porventura, ficarem aguardando vagas. Essa reportagem será atualizada com as respostas, se e quando elas foram enviadas.
A onda roxa 4o2h5s
O decreto que levou a macrorregião Centro-Sul à onda mais restritiva e impositiva do “Minas Consciente” entrou em vigor no dia 13/3. Após uma reunião, realizada por videoconferência no dia 11 de março, entre a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e as Unidades Regionais de Saúde (URS’s) de Barbacena e São João del-Rei com os prefeitos e gestores municipais de saúde dos 51 municípios da macro, por causa dos altos índices de casos e de ocupação de leitos clínicos e de UTI por covid-19, percebeu-se a necessidade de regressão da macrorregião à onda roxa, visando controlar a disseminação da doença e garantir assistência à população.
“Neste momento precisamos da colaboração de toda população para conter o avanço de contaminação pelo coronavírus. É um momento muito crítico e medidas mais restritivas são necessárias”, alertou a superintendente da Regional de Saúde de Barbacena, Hérica Vieira Santos.
Nessa fase, que, a princípio, tem duração de 15 dias, só é permitido o funcionamento de serviços essenciais e a circulação de pessoas fica limitada aos funcionários e usuários desses estabelecimentos. O deslocamento por qualquer outra razão deverá ser justificado e a fiscalização será feita com o apoio dos municípios e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
As regras para os municípios que estiverem na onda roxa incluem a proibição de circulação de pessoas sem o uso de máscara de proteção, em qualquer espaço público ou de uso coletivo, ainda que privado; a proibição de circulação de pessoas com sintomas gripais, exceto para a realização ou acompanhamento de consultas ou realização de exames médico-hospitalares; a proibição de realização de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não coabitam e a realização de qualquer tipo de evento público ou privado que possa provocar aglomeração, ainda que respeitadas as regras de distanciamento social.
Relembre q65i
Durante coletiva de imprensa realizada no dia 12/3, a enfermeira e superintendente regional de Saúde de Barbacena, Hérica Vieira, já havia alertado para a situação alarmante dos leitos ocupados para enfrentamento à pandemia. Na mesma ocasião, o prefeito de Barbacena, Carlos Du (MDB), revelou que, em janeiro deste ano, um paciente ficou dentro de uma ambulância esperando um leito disponível. Além disso, o chefe do Executivo da cidade, que é polo micro e macrorregional, reforçou quanto a importância do atendimento público de Saúde.
“As pessoas têm questionado nas redes sociais: ‘mas por que está recebendo pacientes de outros lugares?’”, comentou Carlos, que enfatizou que “são vidas! A gente não vai deixar nenhum paciente ficar (esperando) na porta de um hospital, na nossa cidade ou cidade vizinha. A gente tem que atender! Essa é a nossa obrigação: não só por sermos gestores, mas por sermos humanos”.